Um Dia Depois do Outro
(por Juracyr Amaral Junior)
A vila onde o tempo andava devagar
Havia um lugar que não se encontrava em nenhum mapa comum.
Era uma vila pequena, rodeada de colinas verdes e riachos tão preguiçosos que demoravam para encontrar o rio.
Ali, o vento parecia ter menos pressa que em qualquer outro lugar, e as horas… bem, as horas não corriam, caminhavam.
O nome oficial era Vila Esperança, mas todos chamavam carinhosamente de Vila Depois.
E havia um motivo para isso: ninguém ali acreditava em fazer tudo “agora”. Para eles, tudo tinha seu tempo — e, se não fosse hoje, poderia muito bem ser amanhã.
As casas eram coloridas como se alguém tivesse pintado o mundo com lápis de cor: telhados vermelhos, portas azuis, paredes amarelas.
Os jardins eram cheios de flores que pareciam sorrir, e as ruas eram de paralelepípedos que guardavam as histórias de cada passo.
E lá vivia Tonico, um menino de doze anos, curioso como um gato e inquieto como uma chaleira prestes a apitar. Tonico não entendia muito bem por que todo mundo na vila parecia tão calmo.
— Mas vô, se a gente pode plantar hoje, por que esperar amanhã? — perguntava ele, sentado no banco de madeira da varanda, enquanto o avô descascava uma laranja com paciência cirúrgica.
— Porque, meu neto — dizia o Seu Adauto, com aquele tom de quem já viu muitos amanheceres —, plantar é fácil… difícil é esperar a colheita. E se você não aprender a esperar, vai viver sempre correndo atrás do que ainda não chegou.
Tonico balançava as pernas, olhando o horizonte. Para ele, o mundo era grande demais para se viver “um dia depois do outro”.
Ele queria tudo de uma vez: aprender a pescar, a tocar violão, a viajar para a cidade grande… tudo!
Mas, naquela vila, até o vento parecia dizer: "Calma, menino… a vida não é corrida de cavalo. É caminhada de formiga."
O curioso é que, apesar de toda essa calma, ninguém na Vila Depois se atrasava para o que realmente importava.
As festas aconteciam no dia certo, as colheitas eram fartas, e as amizades duravam uma vida inteira.
Tonico, porém, estava prestes a descobrir que “um dia depois do outro” não era preguiça… era uma arte.
O velho relógio e a lição do avô
O avô de Tonico, Seu Adauto, era um homem que sabia ouvir o tempo.
Não que ele tivesse algum dom mágico — embora, aos olhos de Tonico, tudo nele parecesse meio encantado —, mas porque ele realmente prestava atenção nas horas como quem escuta um rio correndo.
No centro da sala de sua casa havia um relógio de pêndulo que parecia mais velho que a própria vila. Era de madeira escura, com entalhes de folhas e flores.
Seu tique-taque não era apressado; cada “tic” e cada “tac” pareciam respirar antes de seguir para o próximo.
Tonico adorava ficar olhando aquele pêndulo balançando de um lado para o outro. Parecia hipnótico.
— Vô, por que o relógio daqui é tão devagar? — perguntou um dia.
Seu Adauto riu, coçando o queixo.
— Não é que ele seja devagar, Tonico.
É que você está acostumado a relógios que correm. Esse aqui só caminha. E, enquanto caminha, te lembra que não existe atalho pro amanhã.
Tonico franziu a testa.
— Mas se eu quiser que amanhã chegue logo?
O avô parou de olhar o pêndulo e fitou o menino.
— Aí você perde o hoje, meu filho. E perder um hoje é como deixar uma fruta cair do pé sem provar o gosto.
Naquele instante, o velho relógio fez um som mais grave: TUM. Era a hora do almoço. E, como em toda Vila Depois, o almoço não começava sem que todos estivessem prontos.
Sentados à mesa, a avó Dona Zilda servia um arroz com feijão que parecia ter sido cozinhado com paciência e histórias. Entre uma garfada e outra, o avô prosseguiu:
— Tonico, vou te contar um segredo que aprendi quando tinha a sua idade.
O tempo é como esse feijão que você está comendo. Se cozinhar demais, queima. Se cozinhar de menos, fica duro. O ponto certo… ah, esse só vem se a gente souber esperar.
Tonico riu, mas no fundo sentiu que havia mais coisa naquele papo.
O velho relógio, o pêndulo, a história do feijão… parecia que tudo na Vila Depois era uma lição disfarçada.
Ele não sabia, mas muito em breve, um acontecimento iria pôr à prova sua paciência e mudar para sempre a forma como ele enxergava o ditado que todos repetiam por lá: “Um dia depois do outro.”
Investir em educação é investir no futuro das comunidades carentes e criar oportunidades para que as pessoas possam melhorar sua qualidade de vida.
"Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro
A lei, aprovada em 1996, é chamada de Lei Darcy Ribeiro e estabelece pontos para a formação dos profissionais de educação, para garantir o acesso de toda a população à educação gratuita e de qualidade, para valorizar os profissionais da educação e do dever da União, do Estado e dos municípios com a educação pública. A lei continua em vigor.
Mudar o mundo é um desafio complexo, mas é possível se trabalharmos juntos.
A educação, a sustentabilidade, a igualdade e a tecnologia são apenas algumas das áreas que podemos focar para criar um mundo melhor.
Lembre-se de que cada pequena ação pode contar, e juntos podemos fazer uma diferença significativa.
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