google.com, pub-8234445819739430, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Negócio de Mulher: "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecê-lo"

quarta-feira, 9 de abril de 2025

"À mulher de César não basta ser honesta, deve parecê-lo"

 





A mulher de César…

Decorria, em casa de Caius Iulius Caesar, no dia 1 de maio do ano 62 a.C., a festa da Bona Dea (Boa deusa), uma orgia báquica, reservada às mulheres.

A responsabilidade da celebração era de Pompeia Sula, a segunda mulher de Júlio César, pelos vistos, uma mulher bem jovem e muito bela.

Sucede que Publius Clodius Pulcher, jovem rico e atrevido, que estava apaixonado por Pompeia, não resistiu: disfarçou-se de tocadora de lira e entrou clandestinamente na festa, na esperança de chegar junto de Pompeia.

Porém, foi descoberto por Aurélia, mãe de César, sem que tivesse conseguido os seus intentos.

Quase de imediato, todos os romanos passaram a conhecer a peripécia e César decretou o divórcio de Pompeia, de que informou o senado.

Mas César não ficou contra Publius Clodius, chamado a depor como testemunha em tribunal. Pelo contrário, disse que nada tinha, nem nada sabia contra o putativo sacrílego adúltero.

Foi o espanto geral entre os senadores: “Então porque te divorciaste da tua mulher?”.

A resposta tornou-se famosa: “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita”.
Esta frase deu origem ao provérbio, cujo texto é geralmente traduzido do modo seguinte: “À mulher de César não basta ser honesta, deve também parecer honesta.

A expressão cruzou séculos e milénios e tem sido aplicada às mais diversas situações, desde as relações amorosas até à higiene de restaurantes e imparcialidade em empresas e provimento em lugares políticos. 

Os motivos do tempo e da generalização constituem razão bastante para justificar uma reflexão sobre a frase, o autor, o contexto e a aplicação na atualidade.

O autor é um dos homens mais conhecidos da História. Jurista, orador, sacerdote, escritor, general e político, César era também muito famoso pelos casos amorosos que mantinha com as esposas de seus adversários políticos.

Por haver sido acusado, na juventude, de ter tido relação homossexual com o rei Nicomedes, para garantir o apoio da Bitínia numa expedição romana – mentira explorada pelos adversários durante décadas – César seguiu o conselho da extremosa mãe, Aurélia, de responder aos detratores seduzindo-lhes as esposas pública e notoriamente, o que fazia com êxito.

Para lá desse seu tique de sedutor, convém esclarecer que César teve várias esposas (Cornélia, Pompeia, Calpúrnia), o que possibilitou que haja uma outra versão sobre a origem do provérbio. 

Segundo a história, César manteve um caso amoroso com Cleópatra em Alexandria, momento em que terá encarregado um aliado de voltar a Roma e espalhar o boato de que Calpúrnia o vinha traindo. 

Contra o argumento do aliado de que isso era mentira César foi enfático na ordem de divulgação do boato. 

Alguns meses depois, retornando a Roma, César entrou em casa, chamou pela esposa, a quem informou de que pretendia o divórcio. 

Tendo Calpúrnia indagado o motivo, retorquiu: “porque dizem que me vens traindo”. 

A esposa fiel argumentou que isso era não era verdade. Como resposta recebeu a afirmativa que “à mulher de César não basta ser honesta, também tem de parecer honesta”.

Ninguém pensaria que sobre o general que gritou a ordem de passagem do Rubicão com o “Alea iacta est”, ao entrar em Roma, de normal cabeleira, com a coroa de louros, os soldados que o transportavam em ombros bradassem para os lados: Cavete, cives, uxores, moechum calvum portamus – Guardai, ó cidadãos, as vossas esposas, que nós transportamos um careca filógino.
***
Independentemente de qual seja a sua verdadeira origem, o caso mostra duas facetas. A verdade, mesmo conhecida, foi ignorada em prol das aparências; e os motivos que geraram a frase foram indignos.


Num mundo que hipervaloriza a imagem e as aparências – embora hipocritamente apregoe que “o ser” é mais importante que “o parecer” e insista tanto na necessidade de transparência – facilmente se explicam os motivos por que a sentença ganhou popularidade.

Por outro lado, por mais evidentes que sejam os defeitos e transgressões dos varões, a condição e os erros das mulheres são mais apontados histórica e popularmente.

Assim, em caso de adultério (em que evidentemente há a cooperação homem/mulher) só a mulher é que era condenada até à lapidação; pode usar-se à vontade a expressão “homem público”, mas a correspondente feminina “mulher pública” tem conotação negativa; e pode dizer-se “puto” de um menino, mas seria ultrajante aplicar a forma feminina a uma menina.

 





Até há pouco tempo só se utilizava a palavra designativa do/a “profissional” de prostituição no feminino. E, para elogiar determinadas mulheres da política, se dizia que esta ou aquela era o “Cavaco de Saias”.

E note-se que se exige que a mulher de César seja e pareça honesta, mas o mesmo não se exige a César nem ao filho de César.

É o nosso mundo que prega a igualdade, mas utiliza a duplicidade de critérios, ou seja, tem dois pesos e duas medidas.
***
O provérbio vem a talho de foice a propósito da recente incorporação de um filho de Durão Barroso (o chefe de governo que fugiu para governar a Europa – e se governar – a partir de Bruxelas) no grupo de colaboradores do Banco de Portugal, a convite do BdP, sem que se tenha divulgado o preço monetário da colaboração de “tão soberbo crânio” de 31 anos de idade nem a que patamar ou cargo ela corresponde (vd O Diabo, de 19-08-2014; Público, de 20-08-2014).

 
Um só caminho, uma só direção.




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